Volatilidade é a quantidade e a frequência de mudanças de preço. Ela mede o quão intensamente elas oscilam e com que frequência elas sobem ou descem.
Causas da volatilidade dos preços
A volatilidade de preço é causada por três dos fatores que alteram os preços. Esses três fatores funcionam alterando a oferta e a demanda.
Sazonalidade
A primeira é a sazonalidade. Por exemplo, durante o carnaval, os preços para cidades como Rio de Janeiro e Salvador tendem a aumentar significativamente, uma vez que esses locais atraem grandes quantidades de turistas interessados nos famosos desfiles e festas. Já em períodos fora dessas datas festivas, os preços costumam ser mais baixos devido à menor demanda. Essa variação de preços de acordo com as temporadas turísticas e festivas reflete diretamente na demanda e nos preços praticados no mercado.
Clima
Eventos climáticos extremos, como secas prolongadas ou excesso de chuvas, podem afetar significativamente essas culturas. Por exemplo, uma seca severa nas regiões produtoras de café do Brasil pode reduzir a oferta disponível, elevando os preços no mercado interno e global. Similarmente, chuvas excessivas durante a colheita da soja podem atrasar os processos de colheita e afetar a qualidade dos grãos, o que também impacta os preços.
Emoções
Um terceiro fator são as emoções. As reações emocionais dos investidores também podem exacerbar a volatilidade. Isso é particularmente evidente no mercado de commodities, onde o temor dos traders pode aumentar significativamente as flutuações de preço.
Um exemplo que ilustra como as emoções dos investidores podem influenciar os preços se deu durante a operação Lava Jato, uma das maiores investigações de corrupção na história do Brasil. À medida que a operação avançava, revelando esquemas de corrupção envolvendo altos executivos de empresas estatais e políticos de alto escalão, havia uma grande incerteza no mercado.
Investidores nacionais e internacionais, preocupados com as implicações políticas e econômicas dessas descobertas, reagiam fortemente a cada nova revelação. Essas preocupações se refletiam nas bolsas de valores, onde as ações de empresas diretamente envolvidas, como a Petrobras, experimentavam uma volatilidade significativa.
Volatilidade das ações
Investidores desenvolveram um indicador chamado beta para medir a volatilidade das ações em relação a um índice de referência, no Brasil frequentemente comparado ao Ibovespa. Se uma ação se move em perfeita sincronia com o Ibovespa, seu beta é 1,0. Ações com beta superior a 1,0 são consideradas mais voláteis que o índice, enquanto aquelas com beta inferior a 1,0 são vistas como menos voláteis.
Economistas e analistas financeiros utilizam essa medida para avaliar a volatilidade das ações brasileiras devido às frequentes flutuações do mercado que podem ser impulsionadas por fatores econômicos, políticos ou corporativos internos. A imprevisibilidade dos preços dessas ações as torna investimentos potencialmente mais arriscados, levando os investidores a buscar maiores retornos para compensar a incerteza elevada. Esta análise de risco é essencial para quem investe em mercados emergentes como o Brasil, onde as oscilações podem ser significativamente maiores em comparação com mercados mais estáveis.
Volatilidade Histórica
Volatilidade histórica é quanta volatilidade uma ação teve nos últimos 12 meses. Se o preço da ação variou muito no ano passado, ela é mais volátil e arriscada. Ela se torna menos atraente do que uma ação menos volátil. Você pode ter que mantê-la por um longo tempo antes que o preço retorne a um ponto em que você possa vendê-la com lucro. Claro, se você estudar o gráfico e perceber que ele está em um ponto baixo, você pode ter sorte e conseguir vendê-la quando ela subir novamente.
Isso é chamado de timing do mercado e funciona muito bem quando funciona. Infelizmente, com uma ação altamente volátil, ela também pode cair muito por um longo tempo antes de subir novamente. Você simplesmente não sabe porque é imprevisível.
Volatilidade Implícita
Imagine que você está tentando prever como o tempo vai estar durante uma semana de férias que você planejou. Se você observar muitas pessoas comprando guarda-chuvas, você poderia supor que elas estão esperando muita chuva. No mercado de opções, o processo é similar, mas o que está sendo “previsto” é o quão instável (ou volátil) os preços das ações serão no futuro.
Como isso funciona?
- Opções e suas Previsões: Uma opção dá ao comprador o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender uma ação a um preço fixo em uma data futura. Quando muitas pessoas estão comprando opções, elas estão fazendo uma aposta sobre como o preço da ação vai se comportar.
- Preços das Opções e Volatilidade Implícita: Se o preço dessas opções começa a subir, isso sugere que os investidores acreditam que haverá grandes movimentos de preços para as ações em questão, seja para cima ou para baixo. Essa crença na mudança futura de preço é o que chamamos de “volatilidade implícita”. Um preço de opção mais alto geralmente significa que se espera uma maior volatilidade.
- Interpretação da Volatilidade Implícita: Se a volatilidade implícita está aumentando, isso significa que os investidores estão esperando que os preços da ação se movam drasticamente, embora não possam dizer exatamente em qual direção (para cima ou para baixo) isso ocorrerá. É como dizer que o tempo vai ser muito instável, mas não se sabe se será por conta de uma tempestade ou de um sol muito forte.
Entender a volatilidade implícita ajuda os investidores a terem uma ideia do risco envolvido na compra de ações ou opções. Se a volatilidade esperada é alta, o investimento pode ser mais arriscado, assim como decidir se deve levar ou não um guarda-chuva baseado na previsão do tempo para suas férias.
Volatilidade do Mercado
A volatilidade do mercado refere-se à rapidez com que os preços de diferentes tipos de investimentos (como ações, moedas ou commodities) mudam. Quando o mercado é muito volátil, significa que os preços estão mudando rapidamente e de forma imprevisível, o que pode indicar que os investidores estão incertos sobre o que vai acontecer no futuro.
Exemplo com o Mercado de Ações:
- Dias de Notícia Boa: Quando surgem boas notícias que afetam a economia ou empresas específicas, os investidores se sentem otimistas e estão dispostos a pagar mais pelas ações, fazendo os preços subirem.
- Dias de Notícia Ruim: Por outro lado, quando as notícias são ruins, como uma crise econômica ou problemas numa grande empresa, os investidores ficam pessimistas e vendem suas ações, o que faz os preços caírem.
Índice de Volatilidade (VIX):
- O VIX é um índice que mede quanto os investidores esperam que os preços das ações flutuem no curto prazo. Ele é baseado nos preços das opções do índice de ações S&P 500 e foi criado pela Chicago Board Options Exchange em 1993.
- O VIX é frequentemente chamado de “índice do medo” porque quando ele está alto, indica que os investidores estão nervosos e esperam grandes movimentos nos preços das ações, geralmente para baixo. Por exemplo, se muitos investidores estão preocupados com uma possível crise econômica, o VIX sobe.
Impacto do VIX Alto:
- Quando o VIX está alto, os preços das ações tendem a cair porque os investidores estão vendendo suas ações devido ao medo de perder dinheiro.
- Os preços de outras áreas também podem ser afetados, como o petróleo. Se os investidores acham que a economia vai desacelerar, eles também podem vender suas posições em petróleo, fazendo com que os preços caiam.
- Em momentos de alta volatilidade e incerteza, muitos investidores procuram investimentos considerados mais seguros, como ouro e títulos do governo. Isso aumenta a demanda por esses ativos seguros, o que pode fazer com que os preços subam e as taxas de juros desses títulos caiam, já que mais pessoas querem comprá-los.
Essencialmente, entender o VIX e a volatilidade do mercado ajuda os investidores a terem uma ideia de como o mercado pode se comportar no futuro próximo e a tomar decisões mais informadas sobre onde colocar seu dinheiro.